27 de ago. de 2009

Porque o rap não pode parar
Rapper Tiger lança primeiro trabalho solo em clima de festa

Bastou Tiger dar o seu novo CD ao engenheiro de som e pronto, quem estava no Pátio de São Pedro naquela noite esperando que começasse os shows da Terça Negra – evento que prioriza as bandas e grupos de origem étnica africana -, começar a dançarem e a prestar atenção ao som com batidas dançantes, bem marcadas e cheia de suingue.

Não demorou muito alguns fãs começaram a procurar o rapper para adquirir o CD que ele vendia pessoalmente por R$10, os poucos que tinha na mochila, na verdade pra divulgação. “É um preço pra massa adquirir”, disse ele, entre um gole e outro de cerveja gelada.

Depois de ter participado da notável banda Faces do Subúrbio, Tiger agora tenta conquistar seu espaço como cantor e compositor fazendo um trabalho solo e autoral, sem banda, como no início, apenas com a base do DJ Beto, o baixo de Wagner Santos e a parceria nos vocais com Mr Sínico.

Das doze faixas do CD, a maioria delas foram feitas para dançar, porém, sem deixar de lado as críticas ao sistema compondo canções que falam de discriminação e violência, festas, cultura e amigos, dando o recado mas sem amarguras. Faz homenagem aos que já se foram e aos que permanecem na luta e dividindo as alegrias, como nas canções Vamo que vamo e Dale Loko.

O CD retrata bem imagem de Tiger, que conhece bem a periferia pernambucana, da violência dos morros as festas. Sua outra grande preocupação é também com a qualidade da música que faz e a mensagem que ela transmite e nesse quesito ele acertou. É um CD para tocar em festas. E nos seus shows ainda temos o privilégio de contar com a ótima e instigante performance do cantor.

Uma particularidade do disco são os samples na composição das bases, que vão do erudito de Strauss, os loops de 2pac e as guitarras dos pernambucanos Ony e Lúcio Maia.

Capa dura, com designer bem elaborado, Poder Simbólico – nome pelo qual foi batizada a bolacha - , Tiger teve o cuidado de explicar no encarte os quatro elementos da cultura hip hop, a poesia, a música, a dança, e as cores representadas pelo grafite. Aliás, o encarte é um destaque a parte, elogiado por todos que abriam a CD para o autógrafo ainda no Pátio, ele explica que sentiu a necessidade de fazer algo que marcasse o seu primeiro trabalho e não dispensou as letras muito menos textos bem escritos por seus “irmãos” que conhecem muito bem o movimento hip hop em Pernambuco.

Quem conhece o rapper sabe que nunca dispensa uma boa festa ou um evento badalado, pois confraternizar com os amigos é uma válvula de escape da realidade dura que ele vê nos guetos por onde viveu e convive até hoje.

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